A linha dos baianos, Internet e outros assuntos.

A linha dos baianos, Internet e outros assuntos.

Este ano estamos completando quarenta e dois anos de trabalho mediúnico na umbanda.

Nossa escolha pela umbanda foi voluntária, feita por amor, pelo encanto com aquela religião até então desconhecida por mim.

É certo que minha mediunidade já estava aflorada desde minha infância, as visões, as impressões desagradáveis, as  náuseas, as dores na nuca, os enjoos, os desdobramentos noturnos, os sonhos estranhos, as premonições etc…  Aos doze anos meu primeiro contato com a “senhora da luz velada” na casa de uma tia em São Paulo, na zona norte, isso lá pelos idos de 1970.

Linha de baianos, trabalhando na cozinha da tia Zezé, esposa do irmão de minha mãe, meu tio Aristides. E foi neste dia que a baiana Maria Antônia, me chamou e perguntou se estava com medo. Disse que não e começou a me girar… Neste dia quase levantei voo… Uma força enorme se apoderou do meu corpo e me levou por todo o espaço livre daquela pequena cozinha.

Lembro-me bem quando voltei daquele giro e ouvi claramente a baiana conversando com meu pai… Este tem o pé na umbanda, seu caminho já está traçado…

Maria Antonia era uma baiana “porreta”, presenciei coisas maravilhosas que aquela baiana fazia, dizia ser jovem (18 anos) e ter vivido na época de Lampião. Um belo dia, disse que teria outros trabalhos a fazer e nunca mais voltou a  trabalhar com tia Zezé.

Mas ela deixou um companheiro seu perto de mim, baiano Sebastiano, que também é jovem (23 anos), e que anos depois se apresentou e me acompanha nestes quarentas anos. Devo muito a linha dos baianos e dos boiadeiros.

Embora o atendimento ao público no Núcleo Mata Verde, seja sempre com Caboclos e Pretos Velhos, quase toda quarta-feira , nas giras reservadas, temos a participação dos baianos e boiadeiros.

Posso afirmar com certeza que a linha dos baianos é uma das linhas de sustentação do Núcleo Mata Verde, lembro bem, no início do Núcleo Mata Verde trabalhávamos somente com uma gira pública por semana, e em todo final de trabalho lá estava a linha dos baianos para fechar os trabalhos.

Também era um procedimento comum, quando existia algum trabalho mais “pesado”, quando era necessário fazer uma “puxada” ou transporte, o Caboclo Mata Verde começava a preparar o “ambiente”, fazendo algumas firmezas e orientando o consulente e depois na parte final dos trabalhos quem se encarregava de “trazer“ os espíritos era o baiano Sebastiano. Era uma puxada atrás da outra, trabalhei muito como médium de transporte. Atualmente o Caboclo Mata Verde alterou a forma de trabalhar, mas quando há necessidade lá vamos nós.

Mas, embora tenha começado este texto a falar sobre baianos, o assunto que quero tratar é outro.

Quero fazer uma reflexão sobre a umbanda, o umbandista e a Internet.

São mais de quarenta anos de umbanda, o tempo passou voando, e aos poucos fui conhecendo melhor esta “senhora da luz velada”, aprendi muitas coisas observando as pessoas e principalmente com os mestres espirituais, que sempre estiveram dispostos a ouvir, ensinar, amparar e orientar a todos que os procuravam. Sei que ainda tenho muito, mas muito mesmo que aprender, é notório que quando aprendemos mais uma coisa, centenas de outras dúvidas surgem e mostram como ainda somos pequenos neste conhecimento espiritual.

Desde 1996 quando fizemos nosso primeiro site de umbanda (Saravá Umbanda),e na sequência a lista de e-mail também conhecida como lista Saravá Umbanda, a primeira sala de áudio-conferência de umbanda no programa paltalk, todo sábado a noite, o primeiro podcast “Estudando a Umbanda” com nossa querida irmã fada, a TV Saravá Umbanda, o módulo de ensino a distância criado em novembro de 2006, a RBU – Rede Brasileira de Umbanda , os vídeos Estudando a Umbanda pela TV Saravá Umbanda, juntamente com Pai Silvio e o Sandro da APEU, sempre tivemos a preocupação de divulgar a beleza da umbanda, ensinar aos mais jovens, e procurar unir os umbandistas do Brasil.

São vinte anos de divulgação da umbanda pela Internet, e sempre de forma gratuita, pela satisfação de poder servir de alguma forma a ”senhora da luz velada”.

Aquele período do início da Internet no Brasil foi marcante, a Internet era uma novidade e o contato proporcionado por ela gerava muito conhecimento e muita discussão… Debates homéricos, processos judiciais, magias etc… Dias e noites pensando e estudando determinado assunto para poder continuar o debate iniciado nas listas. As comunicações eram bem lentas, discadas e os uploads e downloads demoravam horas e até dias.

Quem tem mais de 15 anos de internet e umbanda deve se lembrar daquela época.

A Internet aproximou e mostrou a riqueza que era a umbanda, mostrou a diversidade de cultos existentes, as formas de trabalho, as diferentes linhas e muitas outras coisas da nossa querida umbanda.

Falar em Zélio de Moraes, em diversidade de ritos umbandistas, em sacrifício de animais e afirmar que a Umbanda era brasileira era certeza de debates e debates que em algumas situações chegavam ao extremo de agressões verbais e processos judiciais.

O tempo passou e hoje parece que estes assuntos não geram tanta polêmica, temos uma nova geração de umbandistas que entrou na umbanda há menos de 20 anos e nem imagina o que foi aquela época, estes assuntos citados por mim já estão enraizados praticamente em quase toda casa de umbanda.

Nos últimos onze anos me dediquei, dia e noite, ao Núcleo Mata Verde.

Não é tarefa fácil iniciar e manter um templo de umbanda, me afastei dos debates, mas continuo atento as novidades do facebook (live) e vídeos do youtube.
Percebemos uma linguagem nova, muitos jovens empunhando a bandeira da umbanda, às vezes alguns exageros e equívocos… Mas na soma geral qualifico como positivo.

Devido a falta de tempo para escrevermos, optamos em concentrar nossos esforços em divulgar a doutrina dos Sete Reinos Sagrados através de cursos presenciais e on-line. Hoje já estamos com treze cursos on-line (que poderiam ser livros) e que tratam dos diversos aspectos da doutrina, e que compreendem:

-A base doutrinária

-Tratamento de Cura Espiritual – Arapé e TVAD

-Ervas na Umbanda – Fitoenergética

-Pontos Riscados

– Elementais e Elementares na umbanda – Magia elemental

-Mediunidade umbandista

-Oferendas na umbanda

– A evolução Espiritual – Espírito gênese

-Historia dos cultos afro-ameríndios e formação da umbanda – 500 anos de sincretismo

-Exu na umbanda – Exu o Guardião do Templo

– e recentemente a Numerologia Sagrada usada na umbanda

Estes cursos estão disponíveis em www.ead.mataverde.org

Podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que a doutrina ensinada pelos mentores do Núcleo Mata Verde já está consolidada.

À partir deste ano estaremos estreitando os vínculos com todas aquelas casas que implantaram a doutrina dos sete reinos.

Se você dirigente umbandista segue, ensina, ou estuda a doutrina dos Sete Reinos Sagrados em sua casa, entre em contato, pois queremos muito estreitar os vínculos e promover um trabalho de cooperação e divulgação em parceria.

Utilize os e-mail e formulários do site www.mataverde.org

Em outra ocasião estaremos escrevendo sobre este novo projeto do Núcleo Mata Verde.

Abraços!

Saravá Umbanda!

São Vicente, 29/01/2017
Manoel Lopes

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